quarta-feira, 25 de maio de 2011

MEMÓRIA DAS CAMBOTAS

Pesquisada no Google

Está fazendo uns dias
Que já está chovendo.
Então, com saudades
Agora eu me lembro

A época adolescente,
Eu ia para o matagal
Cortar com um facão
Aqueles visados paus

Para fazer a cambota.
Daí chegando a casa,
Minha mãe indagou:
“Onde você andava?”

Entre medo e prazer
Dizia: Venho da roça,
Fui com o meu amigo
Tirar pau de cambota.

Minha mãe já ficava
Olhando-me e rindo,
Depois falava assim:
“É coisa de menino.”

Contudo, só queria
Andar de cambotas.
Por que era o prazer
De meninos da roça.

Agora, está chegando
Minha terceira idade,
Não vejo as cambotas
Aqui na Comunidade.

E meus conterrâneos
Não têm mais prazer
De irem a roça cortar
Paus para então fazer

As famosas cambotas.
Tudo eu posso perder,
Menos a boa memória
Que gosto de escrever.

O viver desse passado
Era uma mera caipira,
A brincadeira era pura
E sempre Deus inspira.

Eu me lembro quando
Beneficiava um varão
E com escopo o furava
Sentia paz no coração.

Todo mundo ia andar
Nas ruas do Povoado,
Cada cambota queria
Ser algo de inspirado.

Como eu sempre fui
Esta pessoa dedicada,
Fazia minha cambota
Bem mais trabalhada.

Eu gostava de esculpir
E fazer com perfeição,
Embora a ferramenta
Era o escopo e facão.

Todavia, eu fazia bem,
Sem nenhuma pressa.
Ainda gosto de fazer
Tudo o que interessa

Ao Deus e ao homem.
Agora me lembrando
Com tantas saudades
Vivo então rabiscando

Memórias do passado.
Tem visão verdadeira
Que os conterrâneos
Da amada Bananeiras

Irão sentir a saudade
Assim como eu sinto.
Éramos adolescentes
E meninos distintos.

Daí tudo foi passando,
A terceira idade chega
E faz me lembrar isso,
Mas o coração deseja

Escrever com precisão
A época das cambotas,
Arte feita com escopo,
Facão e paus da roça.

Recordo-me a madeira
Que era mais especial:
O pau bucho-de-veado,
Era o melhor dos paus.

Porque era bem certo
E melhor de trabalhar,
Era uma madeira boa
E macia para perfurar

O buraco mais exato,
Para a gente colocar
A sustentação do pé
E logo na rua desfilar.

Mário Querino – Poeta de Deus

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